Lugar #38: República do Azerbaidjão
E mais uma vez, devo uma leitura magnífica a Camila Navarro do blog Viaggiando. Há muito tempo, ela fez menção a essa obra de Kurban Said e o país, que inicialmente não estava na minha lista, se tornou uma aguardada leitura que prometia me transportar para um lugar onde a Europa (o mundo ocidental) se encontrava com o Oriente e ele assim o fez por meio de uma grande história de amor.
O casal que dá nome à obra nos encanta por serem de culturas tão diferentes (ele, muçulmano e ela, cristã ortodoxa) e se entenderem tão bem, respeitando o modo peculiar como o outro age e pensa. Não é fácil, mas eles conseguem resolver suas diferenças com diálogo. Não há agressões.
Sua história nos conduz à criação do Azerbaidjão, o que se encaixa perfeitamente ao Projeto. Da junção do Ocidente com o Oriente surge um país multicultural e interessantíssimo: foi o primeiro país com maioria muçulmana a ser também secular e foi o segundo país, depois do Egito, a ter óperas, teatros e universidades modernas.
Outras curiosidades que encontrei no Wikipedia são: a nação possui um alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), além de altos índices de desenvolvimento econômico e alfabetismo. O índice de desemprego, por sua vez, é baixo. No entanto, o país apresenta grande corrupção. Vale a pena dar uma olhada nos vídeos de turismo pelo país disponíveis no YouTube, é um país muito limpo.
O autor, Kurban Said, é outro fator de encantamento da obra, pois se trata de um pseudônimo. Said fugiu do Azerbaidjão quando os russos invadiram o país. Em 1937, publica a aclamada obra na Áustria. Quando esta cai sob Hitler, ele se muda para a Itália e lá morre sem sabermos maiores detalhes. Há algumas identidades possíveis listadas no Wikipedia. Leia depois do livro porque há spoilers.
A aura de mistério sobre o autor, a qualidade da obra e seu apelo emocional fizeram de Ali & Nino um grande símbolo do país com direito até a uma bela estátua em sua homenagem.
Infelizmente, a obra está esgotada no Brasil. Baixei do Kindle a versão em inglês. A Amazon conta também com as versões em espanhol e italiano. Dê-se esse presente, afinal, a força da obra de Kurban Said fez uma ocidental como eu, que estranha bastante os costumes islâmicos e discorda de diversos deles, chorar por um muçulmano. Narrado com linguagem simples pelo próprio Ali, a leitura é fluida e profunda ao mesmo tempo. Encantador!
Ah, como fico feliz quando alguém me diz que leu e gostou de Ali e Nino! E como fico triste por ele não ser republicado aqui…
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Que honra recebê-la por aqui, Camila. Obrigada e volte sempre.
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